Na cidade de Lichinga, no norte de Moçambique, onde a terra de argila vermelha se estende sob o céu azul interminável, Hilário Xavier é uma presença fortalecedora. Ele se encontra sob o calor seco do sol da tarde, observando sua fábrica com a testa franzida em contemplação. Sua empresa de construção, a Nucca, é um símbolo de progresso em uma região que por muito tempo aderiu aos materiais tradicionais de construção.

A jornada de Hilário começou modestamente, com uma pequena equipe de apenas cinco trabalhadores. Hoje, sua empresa emprega dezesseis pessoas dedicadas, um testemunho de sua visão e da crescente demanda por construção de qualidade. O sucesso da Nucca está no uso de blocos de hidraform – um material que Hilário acredita que pode revolucionar a construção local.

“Eu comecei a Nucca com o objetivo de fornecer à nossa cidade e província materiais mais consistentes e de qualidade,” explica Hilário.

Seu compromisso com essa meta é evidente em todos os aspectos do seu trabalho. Os blocos de hidraform, produzidos com uma mistura de solo local e apenas 10% de cimento, são o núcleo de sua inovação. Esses blocos são econômicos e também oferecem uma excelente isolação térmica e resistência sísmica, tornando-os uma escolha ideal para o clima e as condições ambientais da região.

Apesar das vantagens, a introdução dos blocos de hidraform no mercado tem sido desafiadora. A população local está acostumada aos blocos de concreto tradicionais e hesita em adotar o novo material. Hilário reconhece esse desafio.

“O mercado de blocos de hidraform ainda é muito fraco porque as pessoas não conhecem e não têm experiência em construir com ele.”

Para superar isso, Hilário e sua equipe têm trabalhado para educar a comunidade sobre os benefícios dos blocos de hidraform. Eles demonstraram sua eficácia por meio de diversos projetos de construção, mostrando que esses blocos podem ser tanto acessíveis quanto duráveis. “Acreditamos que a construção com blocos de hidraform custa cerca de 30% a menos do que com blocos de cimento,” afirma.

O otimismo de Hilário sobre o futuro é palpável. Ele imagina um momento em que os blocos de hidraform se tornem o padrão na indústria da construção de Moçambique. “É possível! Esse bloco já está sendo reconhecido como um dos materiais mais promissores,” diz ele com convicção. Sua crença no potencial dos blocos de hidraform é, em última instância, sobre criar um futuro sustentável para sua comunidade.

Ao caminhar pela movimentada área de produção, onde as máquinas zumbem e os trabalhadores montam os blocos um por um, o orgulho de Hilário é evidente. A máquina de hidraform, um modelo sul-africano amarelo adquirido em 2017 e operacional desde 2018, é uma fonte de orgulho.

“Podemos produzir 2.000 blocos por dia,” ele observa, destacando a eficiência do processo.

A visão de Hilário vai além da máquina, além dos números. Ele sonha com um futuro onde os blocos de hidraform sejam usados em grandes projetos de infraestrutura, como escolas, hospitais e prédios governamentais. “Para desenvolver ainda mais essa construção, precisamos de mais projetos como esses,” explica.

Diante dos desafios, Hilário Xavier permanece firme. Seu trabalho é uma mistura de paixão e pragmatismo, movido por um profundo desejo de melhorar sua comunidade e o meio ambiente. Através de sua abordagem inovadora e dedicação inabalável, Hilário está lançando as bases para um futuro mais sustentável e próspero para Moçambique.

Nos momentos de reflexão, enquanto o sol se põe sobre Lichinga, Hilário observa o horizonte com esperança. O caminho para a adoção generalizada dos blocos de hidraform pode ser longo, mas seu compromisso em transformar a indústria da construção e o futuro de sua comunidade permanece inabalável.